Transmantiqueira + Serra dos Órgãos SP/MG/RJ.

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Foram 4 meses de planejamento e preparativos para encarar as Travessias Transmantiqueira toda a pé de Piquete SP a Itatiaia RJ (Marins x Itaguaré + Serra Fina + Ruy Braga), ainda fiz a travessia Petropólis x Teresopólis RJ.

Realizei as travessias de forma autônoma (sem guia e logistica de carros), e sem nunca ter estado nesses locais. Curti muito todos os locais e contatos de novos amigos que fiz no caminho.

Informações técnicas:
Distância total a pé: 175,15 Km
Aclive/declive totais acumulados: +10230 metros/-10524 metros

Altimetria da Travessia da Transmantiqueira SP/MG/RJ: aclive acumulado de 7683 metros e declive acumulado de 7882 metros.
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Ponto de menor elevação: 422 metros de altitude. Ponto de maior elevação: 2797 metros de altitude. Altitude média: 1641 metros.
Média de inclinação aclive/declive: 10,3% e -8,7% respectivamente.

Visão da Transmantiqueira no Google Earth:
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Altimetria da Travessia da Serra dos Órgãos RJ: aclive acumulado de 2547 metros e declive acumulado de 2642 metros.
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Ponto de menor elevação: 881 metros de altitude. Ponto de maior elevação: 2275 metros de altitude. Altitude média: 1601 metros.
Média de inclinação aclive/declive: 14,0% e -12,1% respectivamente.

Visão da travessia Petropólis x Teresopólis no Google Earth:
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Planejamento:
Baixei da internet os trajetos das travessias Marins x Itaguaré, Serra Fina, Serra Negra e Rui Braga. Interliguei os traçados das travessias no Google Earth, ainda criei opções rotas de fuga, pontos de água, de acampamentos prováveis e os uni no programa Track Maker.

Li e reli todos relatos de pessoas que fizeram as travessias para me prevenir de qualquer incerteza. Anotei todas informações importantes.
Me preparei fisicamente para a mega travessia da melhor forma, ou seja, fiz trekking em todos finais de semana que pude.

Adquiri equipamentos confiáveis, com ao menos dupla utilidade e o mais leves possíveis. Escolhi a dedo o que eu levei, sem nada de excesso.
Alias: uma das melhores coisas do trekking além da própria ação, é fazer o planejamento do mesmo. Ser detalhista, organizado e observador foi a chave do meu sucesso neste trekking.

Como chegar:
Embarquei em um ônibus da empresa Pluma de Santa Maria RS no dia 19/07/2011 para São Paulo SP – terminal Tietê. Cheguei no dia 20/07/2011 às 6h e às 8h embarquei em um ônibus da empresa Pássaro Marrom para Lorena SP que chegou às 11h. Às 12h embarquei em outro ônibus da mesma empresa para Piquete SP chegando meia hora depois.

Orientação e navegação:
Usei durante a travessia um GPS Garmin e-trex Legend que deu conta do recado. A que interessar, poderei repassar os dados para GPS.
Para as travessias Marins x Itaguaré, Serra Fina e Petropólis x Teresopólis usei os livros Guia de Trilhas Trekking volumes 1 e 2 do Guilherme Cavallari – Editora Kalapalo, como backup de segurança em caso do GPS estragar. Nem precisaria dizer que comprei os livros e que tirei cópias das páginas que eram importantes para não carregar ambos os livros.


1º DIA – 20/07/2011: De Piquete SP até o Morro do Careca.
Eu e o Wesley (conheci no site Mochileiros), começamos a travessia na cidade de Piquete SP tão logo que desembarcamos do ônibus. Já vínhamos discutindo o por que do pessoal achar tão difícil sair a partir de Piquete para a Travessia Marins x Itaguaré, sempre preferindo contratar um transporte para tal. Afinal tão perto…

Mal saimos da cidade a subidinha da BR 459 deu sua cara…
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Mochilas limpinhas totalmente ajeitadas, bem organizadas, com comida para 4 dias (até Passa Quatro MG), enfim bem pesadas. ::tchann::
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Mais a frente e acima encontramos um pequeno trevo que sai da rodovia BR 459 e liga Piquete até o Bairro de Marins (estrada municipal Imbe-Marins), mais afastado da cidade.

O trajeto aqui melhorou bastante, com paisagens mais bonitas e lá ao fundo o imponente Pico dos Marins.
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Você já deve estar se perguntando, mas por que esses loucos não foram de van ou Kombi até lá no acampamento base dos Marins? Minha resposta é simples: a melhor maneira de conhecer um local novo em que você nunca esteve é a pé! É a pé que a pessoa nota os detalhes.
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A pé até o bairro de Marins é uma dureza só! Muita distância e subida acumulada. Após passar pelo bairro e igrejinha há uma bifurcação não muito clara que pode confundir, mas subindo a esquerda a estradinha com paralilepipedos vai pro Pico dos Marins e indo reto vai para a cachoeira do Curiaco.
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A partir da bifurcação a estradinha até o Acampamento Base do Marins fica mais íngreme e mais bela inclusive. Em dias bons dá pra passar de carro, mas imagino que um chuvinha na estrada já a torna impraticável para veículos 4 x 2.
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Mais a frente na Estrada, já quase no topo passa-se por um mata burro em uma porteira e na sequência pequena descida há uma bifurcação a direita identificada com placa.
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Esta estrada a direita indo para o Acampamento Base do Marins que é cuidado pelo Milton Gouvêa: http://basemarins.multiply.com/
O Milton tem neste lugar espaço para estacionar carros, camping, serviço de guia, etc. Tudo o que a pessoa precisar para ter conforto e segurança em sua visita ao Pico dos Marins.

Na passada pelo Base do Marins não achamos o Milton, mas quase chegando ao Morro do Careca o encontramos descendo com uma cliente. Aqui eu dou a dica a quem não o faz, sempre ao encontrar uma pessoa numa trilha identifique-se, troque dicas e informações sobre o percurso a frente. Afinal você ganha fazendo isso, fica sabendo das condições da trilha na frente e se for o caso de se perder ao menos alguém vai ter noção que você esteve lá.

Segundo o Milton nos últimos 5 anos ninguém que ele saiba fez a Travessia da Transmantiqueira toda a pé. Conversamos com o Milton uns 20 minutos, ótima conversa por sinal, o cara conhece toda região e nos deu várias dicas. Infelismente o por do sol já estava dando sua cara e tivemos que montar acampamento no Morro do Careca. Alias, um ótimo local, plano, abrigado do vento e com água perto.
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Foi um dia bem cansativo devido as viagens de cada um e ao tamanho do percurso vencido com as mochilas com 4 dias de comida.
Fizemos nossas jantas e ainda deu um bom tempo para curtir a vista noturna no local. No meu caso ainda sem o chimarrão que aprecio todos os dias inclusive nas travessias mais curtas, troquei pelo chá, o qual apreciei esta bebida quente ideal para o frio da noite na mantiqueira. Um ótimo substituto com peso insignificante se comparado com o peso das tralhas do chimarrão (cuia, bomba, erva mate e garrafa térmica).

Por falar em frio que não era lá grande coisa (7 ºC), meu amigo mineiro sumiu dentro da barraca, dizendo: – Uaiiii, bota frio nisso! ::lol4::

Dados do primeiro dia:
Distância percorrida a pé: 22,9 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1821 m/-743 m
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2º DIA – 21/07/2011: Do Morro do Careca até o último acampamento antes do Itaguaré.

Após uma boa noite de sono finalmente deu para recuperar o cansaço da longa viagem desde o RS. Acordei a noite, acho que eram umas 4h com um pessoal passando pela trilha ao lado das barracas. Provavelmente devem ter feito a travessia de ataque, pois não os vimos mais.Optei durante todas travessias por um café da manhã sem café, ::tchann::, já que o café com 4 colheradas de açúcar por café pesariam muito para os 10 dias. Comi todos os dias bolachas de água e sal ou doces e ainda pedaços de queijo para garantir que a fome tardasse a aparecer.

Café da manhã às 06:30 é claro com o visual que só as montanhas podem oferecer.
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Desmontamos o acampamento e seguindo orientação do Milton coletamos água no Morro do Careca para todo dia, nossa meta seria de chegar até o Pico Itaguaré até o final do dia. Após a coleta de água que fica próxima a esta placa no começo da trilha para o Pico dos Marins, partimos montanha acima.
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Basicamente para trekkers observadores e experientes a travessia Marins x Itaguaré não necessita de GPS se o tempo for bom. Há dezenas de totens indicando o caminho a seguir e se a pessoa se perder momentaneamente é parar e observar se existem algum totem de pedra por perto.

A subida apertava cada vez mais, mas as vistas recompensavam e nos motivavam!
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Durante esta travessia não senti necessidade das luvas que o pessoal fala que é tão importante levar para proteger as mãos do granito da montanha. Penso que melhor que as luvas é um bastão de caminhada, pois assim evita-se e de usar as mãos na rocha e poupa-se o joelho nas descidas.

Após alguma subida avistamos o Pico dos Marins a nossa frente.
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Não muito longe deste ponto encontramos o ponto de água do acampamento dos Marins, porém a mesma estava poluída (coliformes fecais = merda). Infelizmente as pessoas ainda acampam próximo a água e fazem suas necessidades a menos de 70 metros.

Se você enquadra-se nesse grupo tente mudar seu estilo de trekking, afinal carregar montanha acima 4 Kg de água não é nada bom!

Mais a fernte marcamos o ponto no GPS e deixamos nossas cargueiras no meio de um capinzal alto. Começamos o ataque ao topo munidos só de bastões de caminhada e câmeras fotográficas.
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O topo do Pico dos Marins, montanha mais elevada totalmente dentro do estado de São Paulo, tem uma vista incrível!
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Ao fundo: Pico do Itaguaré e Serra Fina.

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Acima: a cidade de Cruzeiro SP.
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Topo do Pico dos Marins – 2420,7 metros:
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A descida no trekking é sempre mais preocupante que a subida já que nela ocorrem a maior parte dos acidentes. Então todo cuidado é válido especialmente se o piso estiver molhado.
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Pegamos nossas mochilas e paramos mais adiante depois de um charco (abrigados do vento). Fizemos nosso almoço mais rápido, neste caso optamos pela comida liofilizada da Liofoods.
Durante o almoço já traçávamos a possível rota de subida do Marinzinho e sem dúvida foi uma das mais cansativas do dia. Longa e íngreme.

Vencida a subida já no seu topo ai sim novamente a recompensa!
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O pico do Marinzinho é mais elevado que o do Marins, porém este já esta na divisa entre SP/MG e assim não tem tanta fama quanto o do Marins que esta somente dentro de SP.

Ao fundo Pico dos Marins SP visto a partir do Pico do Marinzinho.
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Após o Pico do Marinzinho há umas setas pichadas na pedra descendo que não devem ser seguidas, penso que darão em alguma pousada. O sentido da travessia é sempre ir pela crista a partir do Marinzinho.

Assim sendo, logo após isso já tem a mal falada corda da travessia. Não vi nada demais a menos que a pessoa tenha medo de altura (vai ter que tomar muito cuidado). Sempre preste atenção a corda, afinal a mesma esta sob ação as interpéries. Cheguei a levar um cordim de 4 mnm com 20 metros para este trecho, mas… É a corda que conheço que mais passeia! ::lol4::
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Após a corda é morro abaixo! Um descidão seguido de um subidão!
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A propósito: na minha opinião achei mais difícil e gostei mais desta travessia do que a Petropolis x Teresopolis. O visual, a exigência física/técnica e a essência selvagem da travessia são espetaculares!

Esse trecho entre o Marinzinho e o Itaguaré é puxado! Mas é o verdadeiro sentido da travessia: trechos técnicos a toda hora.
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Chegamos na Pedra Redonda já um pouco atrasados devido a que meu parceiro estava com dor no joelho. Apesar dele querem muito pernoitar no bom acampamento da Pedra Redonda, decidi pelo óbvio.

Vamos até o Itaguaré, não tem água aqui! Já estava acertado desde a noite anterior isso e iríamos fazer o possível para estar lá neste dia.
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O problema com a dor no joelho foi se intensificando, nossa velocidade caindo e a água acabando. O final do dia já estava dando sua cara e o Pico do Itaguaré continuava longe…
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Caminhamos o máximo que deu tendo luz natural, menos mal que no meu planejamento inclui possiveis locais para acampamentos de emergência. O próximo já estava pertinho!

Chegamos nele, uma boa clareira com espaço para até 5 barracas e pedi para o Wesley montar o acampamento. Nos estávamos sem água e decidi buscar água para nos no acampamento do Itaguaré, a 1,22 Km de distância. Detalhe: à noite.

Usei o chapéu da cargueira da Deuter Aircontact Pro que se transforma numa mochila de ataque, GPS, pilhas extras, 2 lanternas, bastão de caminhada e os reservatórios para 4,5 litros de água.

Parti às 18:30 e fui seguindo o que o GPS indicava nas bifurcações das trilhas, um breu total! Por não conhecer nada do caminho tive certa dificuldade para encontrar a noite a trilha e o ponto minguado de água do Itaguaré, já morto de sede.

Abasteci os reservatórios de água e parti rumo aos nosso acampamento no qual cheguei às 20:30. Repassei a cota de água ao Wesley que quase virou de uma só vez 1,5 litro. Adverti-o que aquela água teria que dar pra chegar no Itaguaré no outro dia ainda e não era perto ou fácil.

Tranquilamente montei meu acampamento e ainda fui fazer meu chá (2 litros pra reidratar). Enquanto apreciava o chá me chamou a atenção a quantidade de camundongos que habitavam o local!
Assim, recomendo a todos que não joguem comida fora ou dêem para os ratinhos a fim de diminuir a população deles. Convêm lembrar de que devem fechar sempre o zíper da barraca para evitar a entrada dos ratos e lacrar com sacos plásticos as comidas para evitar que eles roam os tecidos da barraca ou mochila atrás da comida.

De janta saiu uma massa de conchinha das bem pequenas, pois o pacote de 500 gramas ocupa menos espaço na mochila com molho de sopa (creme de queijo). Alias uma receita que aproveita a mesma água do cozimento da massa para cozinhar a sopa, rendendo uma panela cheia de massa com molho sem desperdiçar uma gota de água!

Dados do segundo dia:
Distância percorrida: 12,17 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1179 m/-747 m
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3º DIA – 22/07/2011: Do último acampamento antes do Itaguaré até quase Toca do Lobo.

A noite foi amena com temperatura por volta dos 10 ºC, sem vento mas com bastante orvalho. Após um breve café da manhã, já com alguma prática desmanchamos o acampamento rapidamente e partimos rumo ao Pico Itaguaré.
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ImagemO Pico do Itaguaré SP/MG com 2308 metros tem uma passagem estreita e arriscada para pessoas que não dominam as técnicas de escalada. Se tiver medo e não tiveres os equipamentos necessários convém não se arriscar. Na foto abaixo dá para ver o talho no meio do morro com a parte arriscada.
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Essa parte da descida até o Itaguaré é só usada por quem vai fazer a travessia, sendo assim mais fechada pelo mato e com bifurcações. Mas o caminho a se seguir é sempre na direção do pico.
Há algumas partes mais difíceis de trepa pedra ou passagem por baixo de grandes pedras, sendo necessário tirar a mochila inclusive.
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Portanto, fica a dica para as travessias na Mantiqueira de colocar o isolante térmico e barraca dentro da mochila para que não prendam na vegetação e danifique o equipamento. O isolante pode ser colocado em formato de U, dobrado em 3 a partir de seu comprimento total. Assim isola o conteúdo da mochila do calor e ocupa pouco espaço na mochila.

Meu amigo a toda hora me perguntava se era por ali mesmo que eu tinha passado durante a noite para buscar água. Eu afirmei que sim pensando comigo, afinal eu iria passar onde olhando para um precipício de cada lado! ::tchann::

Chegamos ao pé do Itaguaré e o Wesley já tinha acabado com sua água, por acaso encontramos um grupo de 12 pessoas que gentilmente cederam 1 litro de água para o meu amigo que virou as 2 garrafas. ::lol4::
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Iniciamos a subida e logo após um pequeno platô deixamos as cargueiras para fazer o ataque até o topo. O visual é incrível!
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Retornamos e com as cargueiras nas costas partimos rumo a fonte de água do Itaguaré para reabastecer, passando na sequência pelo acampamento do Itaguaré.
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Começamos a descida e aqui deve-se ter cuidado para não descer pela trilha errada, já que há uma que o pessoal do acampamento vai buscar água. A trilha certa passa por cima de uma elevação rochosa para depois descer o morro bem inclinado e entrar na mata.

Inclusive é uma mata muito bonita e nunca tinha visto tantas araucárias. Tem muito mais do que no RS ou SC!
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Acabamos no Campinho do Itaguaré, local muito bom para deixar os carros e acampar para fazer o bate/volta no pico. Lá estavam o grupo todo que cedeu água ao meu amigo. Tentando reanimar uma bateria de um dos carros que ficou com a luz interna ligada.

Resolvemos ali fazer o almoço e eu aproveitei para tomar um bom banho no riacho que passa atrás, lavar minhas roupas de trilhas e secar a barraca e saco de dormir. Se notarem, do primeiro dia ao último dia da travessia é a mesma roupa, viva o conceito ultralight! ::lol4::

Após o almoço começamos a caminhada só por estradas de chão do Campinho com destino até o Bairro Pinheirinho em Passa Quatro MG. Uma caminhada muito bonita, com bastante mata ao lado da estrada, pássaros de todos os tipos e rios de água muito limpa.
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Como o Wesley vinha apresentando dor no joelho e sabendo da dificuldade maior da Serra Fina com 8 dias de comida na mochila e chegando a levar 4 litros de água por dia. Pedi a ele que até Passa Quatro ele tivesse uma decisão dele se continuaria ou não na Transmantiqueira.

A estrada de chão estava com muita poeira e o clima começava a ficar tão seco, mas tão seco que quando eu queria cuspir eu acabava assoviando! ::lol4::
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Continuamos nossa caminhada por essas estradas de chão e próximo a MG 158 encontramos parte da antiga Estrada Real. Pro meu amigo mineiro nada de mais, mas pra mim que só via na TV foi uma boa surpresa!
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O asfalto já estava perto, então decidimos ir por ele já que o Bairro Pinheirinho estava muito perto e lá deveria existir algum bar ou venda. Dito e feito, havia uma boa venda o qual o dono nos atendeu muito bem.

O Wesley tomou a sabia decisão de desistir da Transmantiqueira por conta do problema no joelho. O dono da venda já vendo a mudança do tempo em cima da Serra Fina me alertou para não ir, já que as coisas ficavam feias por lá e até gente da cidade se perdia lá.

O Wesley então disse a frase: – Mas, você não conhece o Van Damme (se referindo a mim).
Dei muita risada e continuo dando até hoje. ::lol4::

O amigo acabou descolando uma carona até a rodoviária de Passa Quatro. Eu carreguei a bateria da câmera, comprei comida para os próximos 8 dias conforme planejamento, acabei ganhando gasolina na venda para o meu fogareiro (lá ainda tem querosene e álcool).

Dos itens que comprei gostei muito de uma liguiça mista defumada que era muito boa, de um doce de leite tipo tijolinho e um ótimo queijo parmezão mineiro. Recomendo esta venda no Bairro de Pinheirinho para compra de mantimentos de quem for fazer a Serra Fina ou mesmo Transmantiqueira.

As 18h parti rumo a Toca do Lobo independente de quanto tempo eu demoraria. Da venda até a estrada de chão que leva a Fazenda Santa Amália são algumas centenas de metros. A estrada de chão era boa, os aclives no final da tarde eu até conseguia ver, mas impagável era ver a cara dos moradores vendo eu sozinho com mochilão e o tempo virando. Devem ter pensado: – Que cara mais louco! ::lol4::
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O trajeto até a Toca do Lobo tem placas e a estrada estava em boas condições. É uma subida sem fim, ainda lembro de um contato que fiz com um guia local que ao ser perguntado por mim se fazia a transmantiqueira toda a pé sem logística de transportes, ele me disse: – Deus me livre! Que caminhada mais enfadonha! rsrs

Por volta das 20h começou uma chuva fraca e eu vendo que faltavam ainda 2 Km até a Toca do Lobo acabei tendo que procurar outro local para pernoitar. Tive sorte de encontar uma pequena estradinha abandonada no lado direito da estrada com água bem pertinho. Ali encerrei o dia e montei o acampamento.

Dados do terceiro dia:
Distância percorrida: 30,6 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1079 m/-1953 m
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4º DIA – 23/07/2011: da estrada para Toca do Lobo até o topo do Capim Amarelo.

Choveu durante boa parte da madrugada e às 7h quando acordei continuava uma chuva fraca. Fiquei me indagando sobre os relatos de como era difícil fazer a Serra Fina com tempo seco, imagina com chuva. Resolvi esperar a chuva dar uma trégua.Às 8:30 ela cessou e rapidamente desmontei o acampamento e parti rumo a Toca do Lobo.
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Antes, porém na Fazenda Santa Amélia (foto abaixo), deixei meus dados e disse que iria fazer a travessia Solo da Serra Fina.
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Segui a estrada, porém desviei dela para conhecer a Toca do Lobo.
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Em frente a Toca do Lobo tem uma bela quedinha de água muito cristalina e é um bom ponto para captação de parte de água para a subida. Digo parte da água, pois mais para cima há uma cachoeirinha onde o trekker poderá captar toda a água para ser usada até quase Pedra da Mina.
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Atenção: a trilha passa pelo riacho e sobe o morro. Exatamente na frente da Toca do Lobo.

Como eu não sabia da opção de pegar água na cachoeirinha mais acima eu coloquei 4,5 litros de água na minha cargueira que já tinha comida para os próximos 8 dias. Totalizando o peso máximo de 24 Kg para começar a Serra Fina.

Segui morro acima com certa lentidão devido ao peso, nesse aspecto a mochila cargueira Deuter Aircontact Pro 70 + 15L é ótima! Suporta muito peso e é confortável!
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Ao menos a chuva havia parado e parecia que o tempo estava melhorando ao poucos durante a subida. Por volta do meio dia parei a 2200 metros de altitude para almoçar. A seguir continuei e vi que parte do campo havia sido queimado por algum incêndio. Reforço a todos que forem lá para evitar as fogueiras!
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No meu planejamento levei em conta os relatos das pessoas que fizeram esta travessia. Porém, acabei chegando muito cedo ao topo do Capim Amarelo, por volta das 15:10.

Se eu voltasse lá para repetir a travessia sem dúvida teria levado menos água e comida neste trecho e emendaria até o topo da Pedra da Mina no mesmo dia.
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Como estava planejado o acampamento no topo do Capim Amarelo (2500 m), e o tempo estava melhorando decidi acampar no local e tentar secar minhas coisas. Neste local tem inúmeros espaços para barracas.
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Em pouco mais de meia hora no local chegou um casal de paulistas que vieram passar o final de semana na Serra Fina. Trocamos algumas idéias e informações sobre o percurso. Não deixei de me identificar o que até rendeu um fato curioso, um amigo de Caxias do Sul RS encontrou com este casal na descida e ficou sabendo que eu estava lá.

O tempo para minha alegria começou a esfriar e a melhorar bastante!
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Com o sol tudo melhorou! O meu humor e espírito para enfrentar o restante da travessia foram a 110%. ::otemo::

Já a temperatura às 18h baixou para 4,5 ºC de forma abrupta. ::Cold::

O por do sol foi incrível!
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Logo após o por do sol as luzes das cidades próximas como Passa Quatro MG começavam a pipocar. Show de bola!
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Para completar o dia fiz uma bela fritada de lingüiça mineira com massa ao molho de queijo. ::otemo::

Reli o livro Guia de Trilhas – Serra Fina para ver o que enfrentaria no próximo dia e lá pelas 21h dormi. Noite super tranqüila!

Dados do quarto dia:
Distância percorrida: 8,49 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1357 m/-206 m
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5º DIA – 24/07/2011: Topo do Capim Amarelo até Pedra da Mina.

Amanheceu um dia bonitaço! Alias visual incrível!!!Abaixo nascer do sol sobre o Pico dos Três Estado e a direita a Pedra da Mina.
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Fiz o café da manhã e desmanchei o acampamento já com o destino final certo: Pedra da Mina!

A descida do Capim Amarelo é um dos trechos mais “dificeis” da travessia, a trilha certa bem pela esquerda do topo do Capim Amarelo e descendo a encosta íngreme.
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Pra mim também o trecho entre o Topo do Capim Amarelo até a Pedra da Mina é o mais desgastante da travessia por ser um sucessão de sobe e desce.

Na foto abaixo o topo do Capim Amarelo a direita.
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Mas sem dúvida que todo este trecho dificil é coroado por belas paisagens e ângulos diferenciados da Serra Fina. Apenas quem a faz vai aproveitar cada beleza cênica existente no local.
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Na Serra Fina se você tiver dúvida de qual caminho é o certo pode ter certesa que é a opção mais díficl! Não existe caminho fácil lá, sempre vai pelo cume do próximo montanha. Na direção do próximo atrativo, no meu caso Pedra da Mina.
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Após a descida do Alto do Capim Amarelo há um trechinho de mata fechada e existe uma pequena subida antes de entrar num capinzal alto que contem 2 totens de pedras.

Apesar da ramificação de trilhas você deverá seguir a esquerda deste capinzal no sentido para Pedra da Mina, margeando uma pequena mata da esquerda. No final do capinzal existe a trilha bem batida que entra na mata para subir.

Depois de vencido este trecho meio confuso só terá “facilidades” até a Pedra da Mina.
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Lá embaixo Passa Quatro MG visto da Serra Fina a mais de 2400 metros de altitude.
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Na Serra Fina e Marins x Itaguaré é bom usar calça para evitar arranhões da vegetação ou raspões das pedras afiadas. Usei na travessia as vezes também uma polaina (gaiter), para proteger a calça e botas do granito e da vegetação umida, foi bem útil.
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Com minha aproximação da Pedra da Mina o tempo começou a nublar novamente até pensei:- Mas que droga que vai me estragar a vista lá no topo.

Porém, o tempo meio nublado foi momentâneo. Apenas a temperatura permaneceu baixa durante o dia por volta dos 12 ºC e com um pouco de vento. Um pouco frio para quem não tem o costume, mas de mochila cargueira e subindo uma montanha mangas curtas já estava mais do que bom.
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Na foto acima há uma pequena depressão no terreno onde é o último ponto de captação de água do dia. Eu dou a dica a todos que forem realizar a travessia da Serra Fina que apenas captem a água necessária para cozinhar e chegar até o topo da Pedra da Mina.

Pois, assim levarão menos peso para subir a Pedra da Mina, ao chegar lá montem acampamento, alguém fica cuidado do mesmo e o restante dos participantes desce novamente até este ponto ou Vale do Ruah para captar o restante da água.

Eu segui as recomendações de outros relatos e acabei colocando sem precisar 4,5 litros de água para subir a Pedra da Mina. Fica a dica então!
Ao lado deste ponto de captação fiz meu almoço que foi algo rápido, arroz com lingüiça.

A subida para a Pedra da Mina tem inúmeros totens de pedra sendo bem sinalizada, contudo, é bem cansativa e mais longa do que parece. Sem dúvidas que as várias paradas para recuperar o fôlego renderam belos registros do local!
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Ao fundo a direita o Topo do Capim Amarelo e bem no fundo a travessia Marins x Itaguaré com ambas montanhas que levam os nomes. Neste momento vejo o quanto andei já que minha travessia da transmantiqueira toda a pé começou antes Pico dos Marins.
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Abaixo minha contribuição aos totens do caminho. Aos desavisados se pede educação para não derrubar os mesmos.
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Cheguei ao topo da Pedra da Mina às 14:32, bem cedo por sinal. Sem pensar duas vezes decidi por acampar ali no topo mesmo já que estar a 2797 metros de altitude na quarta montanha mais elevada do pais não é todos os dias!
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Já que tinha muito tempo para montar acampamento decidi vistoriar todo local antes. Há 4 bons espaços para montar a barraca com paredes de pedra empilhada para atenuar o vento. A escolha foi bem difícil! Afinal escolher qual local já que estava só eu lá. ::lol4::
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Minha escolha foi no espaço ao lado da caixa do cume o qual coube a barraca Nepal na medida!

Feito o acampamento deixei minha mensagem no livro do cume!
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A partir deste momento foi só curtir o melhor dia de travessia que já tive na minha vida! Domingão com um por do sol ESPETACULAR!
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Foto acima vista para Agulhas Negras no Parque Nacional do Itatiaia.

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Com o por do sol a temperatura até agradável durante o dia despencou para 3 ºC às 18h.
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Já que tinha tempo de sobra aproveitei para aumentar a altura da parede de pedras. Do lado do vento predominante. E fiz 2 litros de chá para reidratar e aquecer o corpo, já que durante o dia não costumo beber muita água.

De janta saiu uma massa com molho de sopa, queijo parmesão mineiro e doce de leite mineiro para a sobremesa. Um banquetão!

Aproveitei os bons momentos do dia para curtir a bela vista noturna de 360º da Pedra da Mina com dezenas de luzes de cidades próximas.
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Fui dormir pelas 21h e a temperature continuava nos 3 ºC. Pelas 23:30 acordei com fortes rajadas de vento sacudindo a barraca, um barulho daqueles. Apesar de usar tampões de ouvido desses que se ganha em viagens de avião não havia como dormir. Creio que as rajadas mais fortes atingiam 60 Km/h.

Infelizmente tive que sair do calorzinho do saco de dormir para colocar pedras ao redor da barraca já que o vento tinha mudado de direção e jogava arreia pra dentro da barraca. ::prestessao::
Feito a ancoragem da barraca que ficou mais estável pude dormir bem mais tranqüilo!

Dados do quinto dia:
Distância percorrida: 6,34 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +756 m/-428 m
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6º DIA – 25/07/2011: Pedra da Mina até BR 354.

Para aproveitar ao máximo a Pedra da Mina acordei antes das 6:30 para ver o nascer do sol por trás das Agulhas Negas: SHOW DE BOLA!
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ImagemCafé da manhã foi com vista de 360º!
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Depois de curtir muito o topo da Pedra da Mina por volta das 8h segui rumo ao Vale do Ruah.
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Para descer para o vale basta seguir os totens de pedra e curtir o visual da descida.
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Já no Vale do Ruah há muitas clareiras para colocar inúmeras barracas. O terreno é bem encharcado e no verão deve virar um verdadeiro atoleiro. A direção a se seguir aqui é para um vale com um riacho entre morros. Alias o penúltimo ponto de água antes do sítio do Pierre.
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Na foto acima o Morro Cupim do Boi é o do fundo na direita, seguido pelo Pico dos Três Estados bem no fundo.

Captei água nesta pequena e bela cachoeira da foto abaixo.
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A partir do Vale do Ruah se tem o melhor ângulo para a Pedra da Mina!
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Na foto abaixo o Morro do Cupim do Boi a esquerda (sim, a trilha passa no topo dele), no centro e ao fundo Agulhas Negras e o morro da direita é o do Cabeça de Touro.
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Abaixo a vista para o lado da rodovia Regis Bittencourt.
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O visual do Morro Cupim do Boi é sensacional!
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Após uma baixada com alguma mata há uma boa subida até o topo do Pico dos Três Estados com 2665 metros de altitude.

Cheguei ao topo do Pico dos Três Estados às 12:16, este é a divisa natural entre SP, MG e RJ.
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Meu almoço foi no topo contemplando a vista. E minha decisão foi de continuar a travessia, apesar de que nos relatos que li o acampamento seria ali. Porém, achei muito cedo para acampar.

Meu próximo destino agora era o Alto dos Uivos e que se diga que subida… ::carai::
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Ao chegar no Alto dos Uivos já dava para avistar a tão falada Pedra do Picú em Itamonte MG.
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No topo havia diversas flores de Amarílis, uma espécie que só cresce acima dos 2000 metros de altitude. Procure preservar esta espécie!
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Seguindo a trilha para a direita e começando a descida, as vezes ela entrava na mata e já saia no campo. Até finalmente mergulhar mata a dentro. Alias uma mata muito bonita com muitas bromélias!
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Seguindo a trilha no meio da mata mais abaixo nota-se a existência de uma estrada abandonada tomada de mato por onde um single track conduz o trekker montanha abaixo.

Há uma bica do lado direito da estrada onde se pode captar água. Logo após esta bica cerca de 0,5 a 1 Km existe uma bifurcação a direita de outra estradinha. Esta é um atalho que sairá na Garganta do Registro (dica do Milton Gouvêa do Acampamento Base Marins).

Eu continuei seguindo a trilha normal para o Sítio do Pierre. O sítio do Pierre é a primeira casa que você vai encontar a esquerda, onde também tem um calçamento de paralilepipedos.

Segui pela estrada, pois não encontrei ninguém para pedir permissão para passar.
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A estradinha que desce para a BR 354 a partir do Sítio do Pierre é bela.
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Abaixo Pedra do Picú em Itamonte MG.
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Cheguei na BR 354 por volta das 17:30 e o sol já estava se pondo no horizonte. Ao caminhar estrada acima já me preocupava onde eu iria montar a barraca já que em ambos os lados da estrada era só barranco e mata.

Caminhei serra acima até uma casa onde um caseiro me atendeu, porém não deixou que pernoita-se no pátio da casa.

Eu pensei comigo decepcionado:
– Mas, falavam tão bem da tal hospitalidade mineira…

Sai da propriedade e na frente um senhor estava fechando a porteira com cadeado. Expliquei que vinha do RS, estava sozinho e caminhando desde Piquete SP pela Mantiqueira e que gostaria de um espaço dentro de sua terra para pernoitar mais sossegado longe da estrada.

Desconfiado o senhor disse que não e me indicou um terreno plano e descampado ali na frente ao lado da estrada. Como já era passada das 18h e eu não tinha outra opção acabei aceitando a sugestão.

Montei acampamento, apesar do barulho dos carros e caminhões. Fiz minha janta e lá pelas 20h me recolhi para dentro da barraca já ajeitando minhas coisas para dormir.

No que uma luz ilumina a barraca, mas não poderia ser de nenhum carro, pois eu estava protegido atrás de um pequeno barranco.

Então eu escuto uma voz dizendo:
– O da barraca!!!

Pronto, pensei eu. Só me faltava ser assaltado! ::lol3::

Pedi identificação de quem era, o mesmo senhor disse que era a pessoa com que eu tinha conversado antes. Abri a barraca para ver o que ele queria e lá estava ele com um pote daqueles de sorvete de 2 litros amarrado num pano de prato e uma colher. Diz ele:
– Minha esposa lhe mandou uma comida quentinha!

Arroz, feijão, batata cozida, salada de tomate, toucinho frito e até carne de pato!

Conversamos cerca de 20 minutos ainda, o agradeci muito pela comida caseira! No final perguntei seu nome, e ele respondeu:
– José DIVINO. ::otemo::

Apesar de ter jantado muito ainda consegui comer metade do pote! ::lol4::

E engolir o que pensei dos mineiros sobre hospitalidade. ::toma::

Estava muito bom! O toucinho frito então uma maravilha! O corpo pedia comida gordurosa!

Enfim, de barriga muito cheia me deitei e capotei na melhor noite de sono que tive. ::lol4::

Dados do sexto dia:
Distância percorrida: 16,42 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +799 m/-1941 m
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7º DIA – 25/07/2011: BR 354 até Acampamento Massena.

Amanheceu meio nublado com temperatura amena de 7 ºC. Tomei o café da manhã, desmanchei o acampamento e partir por volta das 8h estrada acima.A BR 354 neste trecho de Itamonte MG para a Garganta do Registro é bonita, porém não tem acostamento o que exige atenção de quem for caminhar lá.
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Por volta das 08:30 cheguei a Garganta do Registro, onde há a entrada para a parte alta do Parque Nacional Itatiaia e a divisa MG/RJ.
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Na Garganta do Registro há um local para comprar lance ou algo do genero. Facilmente se consegue alguma carona para Itamonte, RJ ou para a portaria do parque. Porém, eu decidi ir a pé até a portaria.
Exercício puro de sado masoquismo se levar em conta a possibilidade fácil de carona.
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A estrada compensa todo esforço extra! Caminhar com mata nativa de altitude em ambos os lados, ver a fauna e paisagens é muito gratificante.

Por volta das 10h parei em uma bica e resolvi que era o dia do banho e de fazer a barba! ::lol3::

Apesar dos 10 ºC de temperatura me meti embaixo da água que devia estar menos do que isso inclusive! ::Cold::

Eu estava na minha e vi o momento que uma Jaguatirica passeava tranquilamente pela estrada. Decidi tirar uma foto para registrar o momento, mas foi só o animal escutar o barulho do zíper que disparou mata adentro.

Após um belo de um banho (o último até chegar no RS 4 dias depois), segui a estrada com seus pontos mais conhecidos.
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O almoço foi no patio do antigo Hotel Alsene, o feijão com arroz que sobrou da janta do dia anterior que ganhei. ::otemo::
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Cheguei por volta de 12:25 na portaria do parquet com 1 dia de antecedência para minha reserva.
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No momento que cheguei ao posto da entrada do parque já pedi para carregar a bateria da câmera fotográfica (leva 90 min), então tive bastante tempo para conversar com os guardas parque.

Falei sobre de onde comecei a travessia e que tinha subido a pé desde a BR 354. Um dos guardas me disse que segundo uma portaria o acesso a travessia Rui Braga só poderia ser dado até 10h.

O outro guarda com quem eu conversava com um tom de desaprovação disse ao colega que:
– Olha o cara, tá com GPS e vem fazendo todas as travessias difíceis e sozinho. Você acha que ele vai ter problema de chegar no Massena ainda hoje?
::lol4::

Fiquei com a moral lá em cima já que elogio partiu de montanhista experiente como o guarda parque é. Efetuei o pagamento da taxa que é seguramente honesta pela utilização da trilha de 2 dias e acampamento selvagem. Cerca de R$ 18,00.

Sem dúvida que é muito barato perto do prazer de estar realizar uma travessia no parque nacional mais antigo com toda sua história no montanhismo nacional.

Me despedi do amigo que não lembro o nome, mas é o dono da caminhoneta da foto acima. Parti caminhando por volta das 14:15 pela BR mais alta do Brasil e diria uma das piores também. Infelismente a parte alta do parque esta abandonada, um verdadeiro descaso!
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Em 30 minutos de caminhada já estava no Abrigo Rebouças onde já é permitido pernoitar no seu interior ou acampar para quem quer fazer as trilhas/escaladas das Agulhas Negras ou Prateleiras.
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Não era meu caso de ficar acampado por ali, já que carregar cadeirinha, corda, mosquetões por todo caminho estavam fora de cogitação. Estes equipamentos são necessários e obrigatórios para a escalada segundo normas do parque. Ficará para uma próxima oportunidade.

Continuei pela precária estrada que tem vistas muito bonitas para cachoeiras, Agulhas Negras e Prateleiras.
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Na foto abaixo ao fundo Agulhas Negras 2789 metros.
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No detalhe da foto a erosão provocada ao longo de milhares de anos pela ação de vento, chuva e geleiras. O nome agulhas negras vem por causa dessa formação diferenciada.
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A região é muito parecida com as Dolomitas na Itália.

Segui a estradinha que faz a ligação entre a parte alta e baixa do parque, chamada de Travessia Rui Braga.
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No começo da descida já é possível ter alguma vista para Itatiaia RJ. E começam aparecer algumas antigas construções de abrigos.
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Antes de chegar no Abrigo Massena há o ponto de captação de água. Ao se deparar com o grande Abrigo Massena fiquei imaginando como teria sido seu passado já que o local é enorme. Imagine ele cheio na década de 60!
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Sem contar que deve ter sido dificil de contruí-lo! Uma verdadeira lastima este abrigo abandonado ao tempo!

Com a aproximação do final do dia e sozinho no local resolvi acampar numa casa abandonada próxima do abrigo por este ter uma vista bela para a planície abaixo e represa de Furnas.
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Com o por do sol a temperatura despencou para 4 ºC, mesmo com o vento deu para curtir uma bela visão noturna após a janta para as cidades próximas como Itatiaia e Resende RJ.
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Dados do sétimo dia:
Distância percorrida: 33,49 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1689 m/-1113 m
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8º DIA – 26/07/2011: Acampamento Massena até rodoviária Itatiaia RJ.

Essa noite foi a mais fria que enfrentei, certamente a temperatura baixo para próximo de zero grau. Acordei algumas vezes a noite com frio, não pelo saco de dormir que usei um Deuter Trek Lite 300 com extremo de -18 ºC. Mas sim devido ao isolante térmico de 6 mm que já não suportava mais isolar o meu corpo do chão frio.Houve formação de geada fraca e a barraca teve o orvalho congelado.
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8h depois de um café da manhã rápido e muita prática já para desmontar o acampamento parti para a última parte da Travessia da Transmantiqueira, descida até a cidade de Itatiaia RJ.
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Ainda fui dar uma olhada no Abrigo Massena.
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Seguindo a trilha a partir do abrigo montanha abaixo curtir o último visual antes de entrar na floresta montana.
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A trilha na mata é bem nítida e por vezes bem batida, impossível se perder bastando seguí-la.
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Não dá muito tempo de caminhada e já se chega no Abrigo Macieiras.
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A trilha depois do abrigo Macieiras fica um pouco mais larga e começa a fazer zig zag para diminuir o aclive para quem sobe. Eu que estava descendo acabou ficando um pouco monótono, afinal já estava acostumado a ganhar e perder muita altitude em pouca distância.

Sozinho, não havia ninguém com quem conversar e o barulho que eu fazia me deslocando era mínimo. Acabei por encontar um bando de macacos Monocarvoeiros no meio da trilha. Fiquei parado os observando até que uns 4 minutos depois um deles me viu e o grupo todo então fez a maior baderna! ::lol4::
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A paisagem do local é bonita e com a proximidade do parque na parte baixa já escutava cachoeiras e via mais fauna como o caso de um grupo de Saguis na foto abaixo.
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Enfim 11:37 cheguei as piscinas do Maromba! Muito bonito o local e uma água clara num tom esmeralda. Show de bola!
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Essa parte baixa do parque é muito frequentada por casais e familias e eu era o único montanhista perdido por lá. ::lol4::

Chegava a ser insuportável ter que ficar fazendo a trilha até a Cachoeira Véu de Noiva atrás das pessoas “mais urbanas”, sem contar que eu estava com uma mega mochila e ia muito mais rapidamente de um lado pro outro.

Pelo menos valeu a pena enfrentar a fila indiana dos turistas!
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Quem vai nesta parte do parque na sua grande maioria é de carro. Indo a pé deu para curtir cada detalhe da fauna e flora do local. É um passeio agradável e belo, recomendo!
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Por volta das 13h cheguei ao centro de visitantes do parque, local bonito, recheado de informações sobre o parque, fauna e flora. Além da parte do histórica do montanhismo.
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Visitei o que me interessou e como já passavam das 13h decidi que o melhor local para fazer meu almoço seria ali no pátio do centro de visitantes. Escolhi um local a dedo, melhor impossível! Banco, gramado impecável e sombreado.

Já estava com a panela cheia de comida e pronto pra acender o fogareiro quando chegou um guarda parque dizendo que não era permitido fazer fogo de qualquer espécie no parque. Me admirei!

Na parte de cima do parque não havia nenhum problema quanto a isso e segundo relato do guarda parque da parte alta a temperatura mais baixa do ano foi -12 ºC. Fogareiro nesses casos é questão de sobrevivência.

Tentei argumentar que o fogareiro era muito seguro, etc. Porém, sem chance. Menos mal que ele me emprestou o fogão dos funcionários. Talvez uma falha de comunicação ou de conhecimento do guarda, mas ele foi muito gente fina no tratamento.

Inclusive ele me perguntou se eu era o tal famosos cara que estava fazendo a transmantiqueira toda a pé. ::otemo::

As noticias se espalhavam rápido por lá!

Enquanto isso reparei num ônibus amarelo que descia a estrada e perguntei para onde ia. Me disse que era o do parque e deixava em Itatiaia! ::prestessao::

Já era o busão! Pensei comigo, vai tudo a pé mesmo!

Depois da despedida ali do centro do visitante continuei estrada abaixo e parei no belo Mirante do Último Adeus.
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Novamente na Estrada encontrei uma bica legal e aproveitei para abastecer o reservatório com água e mais abaixo ver um Jacú caminhando calmamente na estrada.
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Emfim cheguei a portaria do parque Nacional de Itatiaia e segui adiante já que meu rumo era a rodoviária de Itatiaia.
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Da portaria do parque até a cidade de Itatiaia são alguns poucos quilômetros sem dificuldade de orientação. Cheguei na rodovia Dutra e ali do meu lado já era a rodoviária.

Próximo ao local, cerca de 500 metros há dois mercados onde eu comprei mais comida para os outros dias que seriam na Serra dos Órgãos.

Retornei a rodoviária, comprei a passagem para 17h para a Rodoviária Novo Rio – Rio de Janeiro e aguardei cerca de 1 hora até o ônibus chegar.

Por volta das 20:20 cheguei na rodoviária Grande Rio e já comprei passagem para Petropólis daqui 10 minutos já tinha a partida do próximo ônibus. Há ônibus a cada 15 ou 30 minutos para Petropólis.

Se não me engano cheguei a Petropólis por volta das 22h. Na rodoviária mesmo comprei uma passagem de um ônibus municipal para a rodoviária de Correias e de lá embarquei em outro ônibus para Bonfim.

Cheguei às 23h lá em Bonfim sem conhecer nada, o local era muito mal iluminado e ninguém na rua. Sorte minha que tinha no GPS a direção para onde ir e a lanterna de cabeça para iluminar o caminho.

Fui direto até a portaria do Parque para ver se conseguia um local para acampar, mas não havia ninguém lá. Tentei as pousadas e campings que existem ali por perto, mas estavam todos com as luzes apagadas e portões fechados com cadeados.

A topografia do local também não ajudava em nada para acampar, por fim achei uma plantação de bananas num barranco para cima e lá em cima dele uma parte mais plana.

Enfim, morto de cansado e já era meia noite decidi bivacar embaixo de uma bananeira! Pelo menos era macio! ::lol4::

Todas as fotos da Travessia Transmantiqueira Completa toda a pé de Piquete SP até Itatiaia RJ:
http://www.flickr.com/search/?s=rec&ss= … ira&m=text

Dados do oitavo dia:
Distância percorrida: 30,98 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +365 m/-1822 m
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9º DIA – 27/07/2011: Portaria do PARNASO Petropólis até o Abrigo 4.

A madrugada teve temperatura muito amena perto do que enfrentei na Mantiqueira. Às 05:30 acordei tendo em vista que queria sumir da propriedade de alguém antes de alguém me ver.Recolhi os equipamentos, tomei o café da manhã e às 06:36 já estava defronte a portaria do parque esperando ele abrir. O que aconteceu somente às 07:30.
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Apesar de ser no meio da semana achei um pouco pouco salgado o preço da entrada, principalemente para os estrangeiros. Imagina o turista da Argentina, Uruguai e Paraguai que tem moeda desvalorizada pagarem 2,5 vezes mais que um brasileiro comum?
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Fica meio caro para eles…

Na portaria fui perguntado quantos dias eu ficaria dentro do parque, estava em dúvida entre 2 ou 3 dias. Mas me lembrando dos relatos que eu li que a travessia clássica levaria 3 dias e eu estava bem mais rápido que isso, resolvi pagar por apenas 2 dias. No final das contas foi a decisão mais certa, pois levei um dia e 1 manhã da portaria do parque em Petropólis até a rodoviária de Teresopólis (+- 35 Km).

A caminhada inicia-se na portaria do parte em trilha muito bem marcada e sinalizada. Não há dificuldades para percorrer ela. Algumas recomendações são sempre bem vindas.
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A trilha vai subindo a serra e praticamente não há muito o que fazer pausas até o Mirante do Queijo, senão por uma bela cachoeira no meio da mata:
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Belíssima vista do Mirante do Queijo:
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A partir do Queijo já dá para ter uma noção da subida que ainda há pela frente via Ajax onde há o último ponto de captação de água antes dos Castelos do Açu.
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Durante a subida é possivel ver o morro Alcobaça, 1800m.
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Depois da subida mais desgastante da travessia já se esta no “topo” da serra, a navegação fica mais difícil. É necessário seguir os poucos totens de pedra nas lages de pedras e o capim batido das trilhas entre essas lages.
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Logo se esta de frente ao Castelo do Açu e ao lado da Cruz do Açu. É importante frisar que no local desta ocorreu há muito anos atrás a morte de um grupo de pessoas atingidas por um raio.
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Na travessia normal de 3 dias o primeiro acampamento é no Castelo do Açu ou no novo Abrigo 2. Porém, como acabei chegando ao Castelos do Açu às 10:43 considerei que era muito cedo e cansativo esperar e acampar ali.

Dei uma volta para conhecer o local que tem um abrigo construído com pedras para poucas pessoas (é bem apertado), no labirinto de pedras cabem mais pessoas e o espaço em volta tem algumas clareiras para barracas. O local tem um pára raios para proteção das pessoas que ali acampam.
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Depois de encontrar com um grupo de bombeiros que realizavam um Curso de Resgate em Montanha no Castelos do Açu fui conhecer o novo Abrigo 2.
Contruído rapidamente com boa parte dos materiais trazidos de helicóptero ele estava com poucos hospedes, afinal era durante a semana. Só o cara que cuidava do abrigo me perguntou o que eu fazia ali naquele horário das 11h da manhã. Muito cedo para acampar! ::lol4::
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Como tinha tempo batemos um demorado papo sobre o local e abrigo que agora conta com banheiros para que todos montanhistas façam suas necessidades ali e evitem de poluir o solo.
Me despedi e fui na direção do Vale da Luva, onde fui informado que encontraria mais água e seria um bom local para fazer o almoço. E não tive dúvidas que foi ali antes de começar a subida que fiz o meu almoço com uma bela vista.
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Fiz o meu almoço bem demorado (1 hora), com tempo deu para secar o saco de dormir e a barraca que se encontravam úmidos dos acampamentos dos últimos dias.
A subida da Luva é cansativa, mas o visual do seu topo é sensacional!
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Um pouco mais adiante tem aquele famoso ponto com a melhor vista da travessia!
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Recentemente soube que minha foto abaixo foi escolhida entre as mais bonitas no I Concurso de Fotografia do PARNASO:
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Se dúvida que este mirante é o mais espetacular da travessia e que a vista para o Pico do Garrafão é a mais bela!
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Agora basicamente eu tinha uma longa descida até antes do famoso Elevador. Um conjunto de inúmeros degraus de ferro colocados na rochas que não chegam a dar medo, mas dão uma canseira de subir com mochila cargueira!
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Após o Elevador chega-se no Vale das Antas onde há água potável e algumas pequenas clareiras de acampamento de emergência. O visual durante o Elevador até o Vale das Antas continua belo.
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Depois deste belo trecho vem a cansativa subida do Morro da Baleia! Subida razoavelmente acentuada e muito longa, bem desgastante.
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Depois do topo do Morro Baleia há uma pequena descida que exige atenção na navegação e cuidados redobrados já que existe uma rampa íngreme. Quanto a navegação eu tinha o meu GPS que me indicava a proximidade com o famoso Cavalinho e pelo visual adiante já estava esperando por ele asiosamente.
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Na foto abaixo já se tem uma noção de onde a trilha passará, que é pelo local mais difícil e subindo é claro (trecho de mata verde subindo o morro a direita).
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Durante a descida e começo da subida encontrei com um grupo de 10 pessoas, uma familia interia fazendo a travessia. Sensacional, visto que no RS nunca vi nada parecido. Alguns deles tinham grande experiência com os quais troquei uma idéia rápida.

Já que o grupo andava mais devagar passei a frente deles para esperá-los no topo do Cavalinho (foto abaixo).
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Subi o Cavalinho sem dificuldades e soube o por que do nome: pois na parte superior há a pedra que você monta e fica igual a uma pessoa em cima de um cavalo. Pelo relatos que li e comentários achava que fosse alguma coisa muito difícil, mas sinceramente foi até uma decepção. Para que tem experiência com trilhas e não tem medo de altura é muito fácil!

Bom, fiquei no topo dele para observar o grupo subir. Alguns com o medo estampado no rosto! ::lol4::

Já a pessoa mais experiente do grupo ao saber que sou de Santa Maria RS me disse:
– Quem escala em arenito sobe qualquer coisa!

Bom, não sou escalador mas vivo realizando trilhas no basalto molhado e escorregadio igual a um sabão! O granito seco então era literalmente uma lixa, poderia subir rampas de 70º de inclinação facilmente.
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Após o Cavalinho ainda há uma subida bem inclinada até o topo da Pedra do Sino (2263 metros).

E que se diga que o visual lá do topo vale todo esforço!
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No topo da Pedra do Sino ventava muito, já era 16h a temperatura era de 9 ºC fora a sensação térmica. Só fui notar a temperatura por causa de um casal (1 carioca e uma francesa), muito agasalhados que estavam com frio lá. E eu de camiseta dry fit e calção de banho… ::lol3::
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Fiquei mais uns 20 minutos parado apreciando a paisagem e comecei a descer a trilha até o Abrigo 4. Encontrei o casal perdido na trilha, isso que estavam com um belo modelo da Garmim (se não sabe usar um GPS não adianta nada levá-lo). Ajudei-os guiando até o Abrigo 4 sendo que nunca fiz esta travessia. Mas após 9 dias me guiando tudo era tão intuito!

Cheguei no abrigo e já repassei meu nome ao Geovani (Nômade Trilhas), que é um dos que cuida do local. Montei minha barraca e tentava explicar de onde eu era e o que estava fazendo para espanto geral de todos, menos deste cara. Pois depois que vi as aventuras que ele fez me tirou o título de louco, ainda bem! ::lol4::

O mais legal de ter acampado ali no Abrigo 4 é que você encontra montanhistas experientes ou não. Por não ter muita gente lá pode trocar idéias com todos. O que é excelente! Gostei bastante das conversas que tive, é uma pena que aqui no RS não exista nada parecido.

Durante o final da tarde a temperatura caiu para 4 ºC, alguns foram olhar o por do sol. Eu já havia me cansado de ver tanto por do sol e o da Pedra da Mina já tinha sido inesquecível. Fui conversar dentro do abrigo com sua fraca luz alimentada por um gerador eólico! ::lol3::

Lá pelas 20h fiz minha janta e conversei com um grupo que estava chegando vindo de Teresopólis, bem iniciantes, cheio de vontade, inexperientes e querendo fazer a travessia completa. Não tive dúvidas e dei meus Xerox do livro do Guilherme Cavallari sobre a travessia. Tomará que tenha ajudado! ::lol3::

A noite foi de um belo sono!

Dados do nono dia:
Distância percorrida: 19,84 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +1898 m/-728 m
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10º DIA – 28/07/2011: Abrigo 4 até a rodoviária de Teresópolis RJ.

Em mente eu tinha que chegar cedo na rodoviária de Teresópolis neste dia para embarcar para o Rio de Janeiro o quanto antes. Pois, precisava ir para o RS ainda.

Pelas 07:40 eu já estava partindo, bem antes do que todos!

O tempo estava bom e havia algumas nuvens que nada prometiam. Enfim estava só preocupado com o tempo da descida que são 3 horas na passada mais rápida.

A trilha para descer é bem batida, bonita e suave (para quem desce).
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Volta e meia havia turistas que sobem até a Pedra do Sino por esta trilha, me perguntando: quanto falta, falta muito? ::lol3::

Com o altímetro no pulso, meu tempo de deslocamento e 9 dias de prática. Já ia dizendo a todos a distância e quantos metros para subir na vertical que faltava para o objetivo, claro que os deixando pensativos com informação diferenciada. Afinal é mais comum alguém dizer +- quanto tempo falta.

Com tempo bom dá para ver a morraria que há na região e ao fundo o Parque Estadual dos Três Picos.
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Descendo um pouco mais há uma cachoeira na qual apeteceria um banho se estivesse mais quente.
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Na parte baixa do parte há diversas opções de trilhas. Encarei a trilha que vai para o Mirante do Dedo de Deus e valeu muito a pena!
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Ao final da trilha da Pedra do Sino cheguei num ponto onde as pessoas se preparavam para subir e realizar a travessia. Me vi “9 dias antes” na cara de receio de alguns antes de subir a montanha…
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No centro de visitantes (muito bonito e cuidado), aproveitei para ir ao banheiro (limpo), dar uma tapa no visual e fazer a barba antes de pegar a estrada por 40 horas até em casa.

Perguntei para que direção era a rodoviária e não perdendo o costume fui a pé. Deu 5,3 Km da portaria até a Rodoviária, na qual cheguei por volta das 12h.

Tratei comprar a passagem para o Rio de Janeiro que era vendida de 30 em 30 minutos. Almocei num restaurante pequeno ali por perto.
Finalizei meu trekking com a certesa de dever cumprido e sensação que foi uma das melhores aventuras da minha vida, inesquecível!

Posso dizer que ao final desta grande travessia eu me sentia muito melhor do que quando comecei, cheio de dúvidas e incertesas se conseguiria. Fisicamente no final dela eu me sentia muito melhor do que quando comecei tive a impressão que poderia repetir a travessia por mais 3 vezes sem problema! ::otemo::

Talvez por que perdi 3 Kg durante esses dias e a mochila já pesava alguns quilos a menos! ::lol4::
Para quem tem vontade de fazer a mesma travessia, meu conselho: VÁ! São algumas das melhores travessias da América do Sul e não devem nada para Torres del Paine e El Chaltén!

Todas as fotos da Travessia Petropólis x Teresópolis – Serra dos Órgãos RJ:
http://www.flickr.com/search/?q=serra+%C3%B3rg%C3%A3os+clube+trekking&z=e&ss=2&s=rec
Dados do décimo dia:
Distância percorrida: 20,06 Km
Altimetria acumulada aclive/declive: +506 m/-1772 m
ImagemChegando na rodoviária Novo Rio fiquei sabendo que havia perdido o único ônibus do dia para Porto Alegre… ::carai::Tive que embarcar no ônibus para Florianópolis e lá esperar por 11 horas por um ônibus para Santa Maria RS. Menos mal que havia um bom local para esperar e brindar a viagem! ::otemo::
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ImagemAcabei por chegar em casa só na manhã do outro dia. Cansado e feliz pela realização desta viagem!


Check list do equipamento que utilizei:

Mochila Aircontact Pro 70+15L Deuter: Clique para ver detalhes
Mochila Aircontact Pro 70+15L Deuter

Confiável (não vai deixar na mão), resistente, confortável para carregar bastante peso e possui todos ajustes.

Barraca Nepal Azteq: Clique para ver detalhes
Barraca Nepal Azteq

Confiável, leve (2 Kg), resistente (aguentou de tudo), confortável (1 pessoa e todo equipamento com folga), não tive problema para montar ela em nenhum lugar.
– Saco de dormir Trek Lite 300 Deuter: leve (de plumas com 900 g), conforto de -2 ºC e extremo de -18 ºC (não passei frio), não pode molhar senão perde a eficácia.

Isolante Térmico 6mm Aluminizado Nautika: Clique para ver detalhes
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Leve (180 g), suportou bem a temperatura, carreguei ele dentro da mochila para não rasgá-lo.
– Lanterna de cabeça Tikkina Petzl: confiável, leve (78 g com pilhas), boa potência e ótima duração (até 140 h).
– Relógio de Pulso Guepardo: além do horário, barômetro e altimetro (funcional desde que aferidos com regularidade).
– GPS Garmin E-trex Legend: mesmo não tendo antena de alta sensibilidade funcionou perfeitamente e utilizei apenas 2 pares de pilhas durante os 10 dias.
– Fogareiro Gravity II MF Primus: confiável, versátil (reabastei ele 2x em posto de gasolina), tem aparador de vento e econômico (mas pesado +- 500 g). Levei fosforos e isqueiro.
– Panela Eta Power Pot 1,2L Primus: melhora o desempenho através de um radiador economizando combustível, anti aderente (fácil de limpar mesmo com capim), e leve (alumínio e titânio).
– Prato Lexan Sisters Outdoor: leve, ideal para uma pessoa e não esquenta demais as mãos.

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Talheres de policarbonato – Sea to Summit

Leves e funcionais.
– Faca Tramontina: boa para cortar algumas das taquarinhas que trancavam a trilha.
– Canivete Suiço 11 funções: confiável, boas funções como abridor de lata e perfurador.

Saco estanque 8L Sea to Summit: Clique para ver detalhes
Saco estanque 8L Sea to Summit

Confiaveis, usei 1 de 35L para minhas roupas e objetos e outro de 13L para o saco de dormer.
– Câmera digital Casio EZ9: compacta, cumpriu a função, levei o carregador da bateria e 2 cartões de memória.

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Sistema de Hidratação 3L Deuter

+ reservatório de 1,5L: práticos, confiável (Deuter), usei para o transporte de água nas travessias Marins x Itaguaré e Serra Fina.
– Flight Cover Deuter: protege a mochila durante o transporte e serve como uma capa de chuva interna para proteção dos objetos na mochila.

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Estojo de Primeiros Socorros First Aid M Deuter

Bom organizador, levei um kit de primeiros socorros com as tralhas básicas.
– Kit de reparos: linha, agulha, cola super bonder, pedaço de alumínio improvisar tala na vareta da barraca, tecidos de poliéster para remendo da barraca ou mochila e fita silver taipe.

Bastão de Caminhada Karbon Azteq: Clique para ver detalhes
Bastão de Caminhada Karbon Azteq

Leve, confiável, ajudou muito durante a travessia.
– Óculos de solar Spy: confiável, necessário e leve.
– Apito Kailash: leve e potente, obrigatório se fores se aventurar só.

Check list do vestuário que utilizei:
– 2 Bonés: 1 de poliéster para a trilha (resistente), e 1 de telinha mesh para acampamento e viagens.
– Segunda pele Thermoskin Curtlo: levei 1 blusa que usei na trilha e acampamento, 1 calça que usei só no acampamento (dispensável), 1 par de luvas que nem usei (dispensável).
– 2 camisetas mangas curtas: 1 dry fit para o trekking (secagem rápida), e 1 para o acampamento e viagem.
– Jaqueta de fleece Lafuma 250g: usei só no acampamento (dispensável).
– Fleece Soto Kailash 180g: usei só no acampamento, leve.
– Anoraque Timberland: confiável e necessário.
– Luvas impermeáveis: de motoqueiro que se compra em câmelo (R$ 20,00), boa para uso em caso de trilha com chuva e frio.
– Gorro Ear Gear Kailash: leve, quente e adequado aos locais.
– Roupa de baixo: 1 sunga para o trekking (secagem rápida), 1 cueca para viagens e acampamento.
– 2 Meias:

Meia Light Hiker (2 pares) Lorpen: Clique para ver detalhes
Meia Light Hiker (2 pares) Lorpen

1 par de meia Light Hiker Lorpen para o trekking (evita bolhas, resistente, secagem rápida), e 1 par de meia Heavy Trekker Lorpen para acamapemento e viagens (muito quente).
– Calça impermeável Upsala Conquista: confiável, boa para uso pela manhã para não molhar a bota por dentro por causa do orvalho.
– Calça Thermofleece Curtlo: boa para acampamento.
– Calça bermuda Bigwall: boa para viagem e acampamento, porém não usei muito (dispensável).
– Bermuda: usei na trilha, pois é leve, de secagem rápida e confortável.
– Altus Gaiter Deuter: boa para uso na chuva ou campo com orvalho evitando que a água entre na bota, porém quente demais para uso durante a tarde.
– Bota Dynamic Chiruca: confiável, confortável, impermeável e com ótimo grip (solado Vibram).

Toalha Dry Lite S Sea to Summit: Clique para ver detalhes
Toalha Dry Lite S Sea to Summit

leve e de secagem rápida.

Outros itens:
– Protetor solar Sundown FPS 15: protegeu bem o branquelo aqui.
– Água sanitária: para tratamento da água, econômico, levei num frasco de colírio (pequeno).
– Protetor labial: para evitar que a pele dos lábios rachasse.
– Money Belt Deuter: ótimo para transportar o dinheiro e documentos com segurança.

Guia de trilhas Trekking vol. 1: Clique para ver detalhes
Guia de trilhas Trekking vol. 1
Guia de trilhas Trekking vol. 2: Clique para ver detalhes
Guia de trilhas Trekking vol. 2

Usei o Xerox dos roteiros do livro (Marins x Itaguaré, Serra Fina e Serra dos Órgãos), como backup de segurança se o GPS falhasse.
– Comida Liofoods

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Strogonoff de Frango, Arroz e Batatas 230g Liofoods

Prática, leve e boa para variar o cardápio durante trekking longo.
– Higiene: papel higiêncio, escova de dentes, barbeador, pedaço de sabonete, desodorante, liquido e estojo de lentes, shampoo.
– Celular: item de segurança (há sinal no topo das montanhas).

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