Desafiante travessia solo: Monte Crista SC x Morro Araçatuba PR.

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Após conhecer a Serra do Quiriri em julho de 2010 disse a mim:
– Tenho que voltar aqui mais uma vez, este local é sensacional!

Muito bem, voltei! E para fazer a famosa e desafiante Travessia do Monte Crista SC ao Morro Araçatuba PR. Detalhe, sozinho, no percurso com mais subida e sem logística de carro.

Planejamento:
Com ajuda do Google Earth, tracei o caminho partindo da Balança da BR 101 em Garuva SC até o pé do Morro Araçatuba. Tentei encontrar informações para sair do Morro Araçatuba para Curitiba, não achei nada. Então pensei comigo, quando chegar lá me viro! Pergunto para algum morador, pego alguma carona ou caminho 23 Km para chegar a Tijucas do Sul PR.
Atenção: atualmente a travessia somente poderá ser realizada com agendamento e pagamento aos proprietários.

Tracei o roteiro: Balança da BR 101, Balneário do Rio Três Barras, Monte Crista, Pedra do Lagarto, Morro da Antena, Pedra da Tartaruga, Morro Padre Raulino, Marco da Divisa SC/PR, “Inferno Verde”, Baleia e Morro Araçatuba.

Como chegar:
Embarquei em um ônibus de Itajaí SC para Garuva SC às 6:30 na rodoviária, empresa Catarinense ao custo de R$ 25,77. Pedi ao motorista para desembarcar na Balança da BR 101, cerca de 6 Km antes de Garuva.

Para quem vem de ônibus do sentido PR para SC de ônibus desembarque em Garuva SC e pegue um táxi até a Balança da BR 101 ao custo de R$ 15,00 ou R$ 30,00 até o Balneário do Rio Três Barras – Monte Crista. Os motoristas fazem frequentemente este percurso e sabem onde fica.

Quem vai de carro eu penso que é melhor deixar o carro no posto bem próximo a Rodoviária de Garuva. Já que na volta facilita o resgate do carro, bem melhor que deixar no balneário que ainda custa R$ 10,00 por dia para deixar e mais os 15 ou 30 reais para ir até lá.

Orientação e navegação:
Na internet apenas encontrei uma carta topográfica 1:25000, englobando do Monte Crista até a Pedra da Tartaruga. Usei durante a travessia um GPS Garmin e-trex Legend que deu conta do recado.

Dados Técnicos da Travessia Monte Crista – Morro Araçatuba PR:
Percurso a pé: 71,2 Km da balança da BR 101 até o posto de combustíveis na BR próximo a Represa Vossoroca PR.

Altimetria:
ImagemAclive acumulado: 4082 metros
Declive acumulado: 3212 metros
Inclinação máxima aclive/declive: 42,9% e -42,6% respectivamente.
Média Inclinação máxima aclive/declive: 9,9% e -8,8% respectivamente.
Ponto de menor elevação: 9 metros (Balneário Três Barras)
Ponto de maior elevação: 1673 metros (Morro Araçatuba)

1º Dia – Terça-feira 01/03/2011:
Desembarquei do ônibus na balança da BR 101 em Garuva SC às 8h e fiz a caminhada de cerca de 3 Km até o Balneário do Rio Três Barras. Lá é necessário efetuar o cadastro e pagar R$ 3,00 de taxa, provavelmente para manutenção da ponte pênsil.
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Tempo nublado com previsão de pancadas de chuvas isoladas para os próximos quatro dias, segundo o CPETEC-INPE. Temperatura amena entre 18 a 25 ªC era o que indicava…
Começando a parte da trilha já dava para ver o Monte Crista. Pensei comigo que finalmente iria conseguir subir até o seu topo de 967 metros.
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Apesar das chuvas dos últimos dias o Rio do Cristo estava com seu nível normal e quase deu para passar sem molhar os pés, bem diferente da última vez que passei lá.
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A subida do Monte Crista no começo é muito tranqüila, trilha bem erodida, fácil de se guiar e com pouco aclive. Mais a frente quando a trilha começa a ganhar inclinação já começa a aparecer o caminho calçado por pedras, o famoso Caminho do Peabiru. Uns dizem que é um caminho feito pelos Incas para ligar o oceano Atlântico ao Pacífico, outros que os Jesuítas construíram usando a população indígena.
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Há boa oferta de água na subida do Monte Crista, ela é bem cristalina e creio que seja potável até sem tratamento, mas preferi não arriscar e usei hipoclorito de sódio a 2,5%. Como a temperatura nos três dias que estive por lá foi de fria a amena, não vi cobras. Mas, é muito recomendável ter atenção já que é mata Atlântica, úmida e quente no verão, o que facilita a vida das cobras.
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Já mais próximo do topo da serra há um local onde há clareiras para barracas (5), com água e cachoeira, chamada de Véu de Noiva:
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Chegando ao Platô 900 já bem próximo ao topo do Monte Crista o tempo fechou! Começo uma garoa com nevoeiro e vento e tive que cancelar a subida até o topo do Monte Crista, afinal não iria ver nada além de 10 metros ao redor.

Neste Platô 900 metros é normalmente onde as pessoas acampam quando só vem ao Monte Crista curtir a montanha por mais tempo. Há água em um rio próximo, o Três Barras.
A temperatura já baixou bastante em relação ao pé da serra, já que em média a diminuição de 1 ºC a cada ganho de 100 metros de altitude. Recomendo a todos que mesmo no verão levem um anoraque leve para se proteger do vento ou chuva, evitando também a hipotermina.
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Continuando a caminhada pelo Caminho do Peabiru ou dos Ambrósio (uma flor amarela do campo), mais a frente há um belo poço para banhos com uma cachoeira muito legal no Rio Três Barras. Que se diga que com os 16 ºC de temperatura ambiente às 12:15 e chuva, não me apeteceu um banho por lá.
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Agora já a cerca de 1200 metros de altitude já estava rumando para a Pedra do Lagarto, sobe e desce de coxilhas. O tempo até deu uma aliviada na chuva e nevoeiro e parei para almoçar 2 sanduíches. Comida prática, energética e que agüenta a falta de refrigeração desde a madrugada.
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Ao lado da trilha avista-se algumas cachoeiras, esta abaixo estava com bastante água devido às chuvas.
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Infelizmente ao chegar à Pedra do Lagarto não tive a excelente vista panorâmica que tem em dias de tempo bom, mas assinei o “livro do cume” e toquei ficha para o Morro da Antena.
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Agora os campos da Serra do Quiriri a partir dos 1300 metros de altitude já se estabilizam e não há grandes subidas e descidas. Antes do Morro da Antena, pegando a direita há a trilha que leva ao Morro Garuva passando pelo Morro Quiriri, esta trilha é um ponto de fuga em caso de tempo ruim, etc.

Com a proximidade da Fazenda Quiriri (foto abaixo), já é possível avistar o Morro da Antena com seus mais de 1500 metros de altitude, a navegação é fácil portanto.
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Esta Fazenda Quiriri também é um ponto de desistência, mas a estradinha que leva até ela vem por trás da serra e você poderá demorar mais para chegar até um local com transporte.
A fazenda tem seu dono o Sr. Carlos Frederico que ao procurar na internet sobre a mesma me deparei com o seguinte texto do Globo Rural. Coloco abaixo a transcrição, pois julgo se tratar um exemplo de consciência ambiental:

O príncipe das nascentes:
Na Serra do Quiriri, rico remanescente de Mata Atlântica ao norte de Santa Catarina, empresário protege incontáveis fontes da água que abastecem a cidade de Joinville, SC.
O que faz um empresário bem-sucedido, um senhor de 77 anos de idade, dono da maior produção de parafusos do pais, ir comprando terras e terras numa serra e concentrar sob seu domínio inúmeras nascentes que alimentam os principais rios de uma cidade de mais de 500 mil habitantes?

Muito provavelmente o fato de ele não ter nenhum parafuso a menos dentro de sua cabeça. Desde 1983, época em que pouco se falava em ecologia, Carlos Frederico Adolfo Schneider vem adquirindo terrenos na Serra do Quiriri para proteger nascentes d’água em Joinville. Testemunha do custo ambiental pago pelo município para se tornar a maior e mais industrializada cidade do estado de Santa Catarina, Schneider lembra-se, com tristeza, de ter presenciado quando jovem a destruição de florestas e rios e o extermínio de animais como macacos e peixes.

Com saudade, recorda-se dos tempos em que nadava no Cachoeira, o rio que corta o centro da cidade e hoje está poluído por esgoto doméstico e dejetos industriais. Pesando suas lembranças na balança, optou por não lamentar apenas. Quis agir e dar sua contribuição para que gerações futuras possam ainda conhecer o pouco restante da flora e da fauna da Mata Atlântica, e principalmente experimentar nadar em rios límpidos e beber água farta e pura.”

Então, por favor, caro trekker que for realizar trilha ou travessia na Serra do Quiriri: traga seu lixo de volta (inclusive papel higiênico), não desmate, não traga plantas, não faça fogueiras, faça o número 1 a pelo menos 70 metros de cursos de água, enterre o número 2 a pelos menos 70 metros de um curso de água e seja educado com a população do local!

Nos campos do Quiriri há diversos trilhos de gado já usados há décadas, sempre levam para algum lugar. Porém, são inúmeros. Subi o Morro das Antenas por um desses, reto morro acima, sem passar pela fazenda ou “estradinha” que tem no local.

Lá no alto havia uma ventania daquelas e frio pegando!
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Não fiquei muito tempo e já toquei no rumo da Pedra da Tartaruga. O tempo melhorou um pouco, já que o Morro Garuva já atacava bastante o vento.
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Cheguei à Pedra da Tartaruga por volta das 17h já com a intenção de acampar. Pois, no momento já achava que havia caminhado bastante no dia. Com tempo com alguma visibilidade subi a Pedra da Tartaruga para algumas fotos.
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Acima a vista do topo da Pedra da Tartaruga para a divisa estadual SC/PR na BR 101. Abaixo a “cabeça” da tartaruga já com nevoeiro.
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Para quem vem do Morro da Antena do Quiriri, o vale a esquerda tem uma trilha que desce até a fabrica de Queijo da divisa, assim pode ser usado como último ponto de desistência (que eu saiba).
O local ao redor a Pedra da Tartaruga é bastante propício a acampamento já que é relativamente protegido do vendo, possuí água, é limpo, tem uma trilha que desce a serra e um belo visual para apreciar durante a noite com tempo bom.

Sabendo que poderia chover e especificamente à noite levei um plástico de 2 x 5 metros para fazer um avanço ao lado da minha barraca Nepal. Assim tive um local abrigado e fora da barraca para cozinhar.
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Abaixo apresento o resultado do primeiro dia de travessia, mesmo com mochila cargueira pesando 19 Kg com comida para 5 dias (depois explico o porquê).
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Distância: 25,2 Km a pé
Aclive e declive acumulados: 1959 m e 670 m respectivamente.

Abaixo a visão do percurso do primeiro dia no Google Earth:
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2º Dia – Quarta-feira 02/03/2011:

Durante toda noite choveu sem parar e esfriou bastante, felizmente amanheceu com 14 ºC e sem chuva. Levei roupa para esta faixa de temperatura, porém achei que um saco de dormir não serviria… Grande engano, mesmo com uma manta tive que me encolher.

Através do celular soube por meu pai que nesta madrugada havia feito -3 ºC em Urubici na madrugada, rsrs. A frente fria havia passado só agora por lá, então julguei que nos demais dias só pegaria tempo ruim, já que estava bem mais ao norte do estado e próximo ao mar.

Nos pontos mais altos da serra do Quiriri e Panduva há sinal de celular, acredito de todas operadoras. Mas, é bom lembrar de desligar o celular durante o dia para poupar a bateria, já que em caso de urgência você vai querer ter.

Pela manhã apreciei como café da manhã pão de queijo, isso mesmo! Receita fácil de fazer e o melhor que pesa pouco na mochila já que os ingredientes são secos.
1 colher (sopa) de leite em pó
3/4 xícaras. de polvilho azedo
50g de queijo parmesão ralado ou provolone
1 colher (café) de sal
1 colher (café) de fermento em pó
100 mL de água
Mistura tudo e faz na panela de preferência untada com óleo ou antiaderente em fogo baixo. Fica muito bom!

Acampamento desmontado, agora rumo ao outro ponto muito procurado na Serra do Quiriri, o Marco da Divisa SC/PR.
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Nessa manhã o tempo já demonstrava pra minha alegria que poderia abrir, afinal tempo bom na serra é uma certeza de paisagens bonitas.
Segui a travessia pela espinha dorsal que leva ao topo do Morro Padre Raulino, com mais de 1500 metros de altitude. Abaixo a vista do morro.
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A partir desse morro o visual deu uma boa limpada e para o lado de dentro da serra já dava para ter uma vista mais limpa pros lados de Tijucas do Sul PR.
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Subindo e descendo coxilhas a paisagens ao poucos vai indicando que estamos mais próximos as florestas de pinus do lado paranaense. Já há algumas fazendas de criação de gado, porém, não vi nenhum. Talvez por que depois escutei de moradores locais que há onça parda atacando os rebanhos no alto da serra.
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Finalmente de longe já avistei o Marco da Divisa. Este construído depois de um acordo de 1916 para apaziguar a briga entre SC e PR por suas divisas. Agora só não me pergunte como é que constroem um negocio desses no meio do nada!
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Do lado paranaense a paisagem já muda um bocado, logo já avistava as bordas das plantações de pinus.
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Já almocei dentro da floresta de pinus, penne com molho de queijo, uma barbadinha de fazer:
– 250 g de massa penne, parafuso ou concha.
– 1 pacote de sopa de 80 g de seu sabor predileto.
Basta colocar a água na panela e todos os ingredientes para cozinhar juntos. Quando a sopa estiver espessa a massa vai estar pronta. Bom apetite!

Adentrei mais o bosque de pinheiros, muitos o chamam de território do “Inferno Verde”, pois são quilômetros a perder de vista de plantações apenas de pinus com inúmeras estradinhas que parecem um verdadeiro labirinto.
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Aqui tenho que dizer que mesmo vendo o local no Google Earth e traçando o caminho por ele, me parece que as imagens do local estão bastante desatualizadas e também pode ter certo erro de coordenadas. Já que há algumas imagens sobrepostas sobre outras.

Para evitar de andar muito pelas estradas eu às vezes atalhava por meio dos bosques, nem sempre eles são limpos por baixo, há bastante vegetação especialmente nos bosques mais novos. Atalhei também por dentro de um rio e achei até estradas que não aparecem no Google earth como as fotos abaixo demonstram.
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Aqui no “Inferno Verde” eu devo lembrar a todos que é uma região bastante complicada para navegação. Já que a visibilidade de pontos de referência é bem menor no vale e nos bosques de pinus ainda mais que estes podem estar com nevoeiro. Também há muito sobe e desce como você poderá ver no gráfico de altimetria desse dia, mostrado mais abaixo.
Então recomendo este trecho para trekkers mais experientes que saibam navegar bem por mapas com bússola e GPS. Lembrando que é bom traçar também uma rota de fuga na direção de alguma casa em Tijucas do Sul.

Entretanto, também há vista bonita nesse trecho, como por exemplo uma cachoeira com mais de 200 metros de altura que vi na encosta da serra.
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Continuei galgando estradas e bosques serra acima para finalmente achar um local a mais de 1500 metros de altitude que fosse abrigado do vento e que tivesse um ponto de água. Encontrei uma estrada abandonada que tinha um barranco e próximo ao local havia uma gargantinha com água.
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Anoiteceu por volta das 19h, fiz minha janta que foi um cheiroso cozido de batatas com lingüiça calabresa com queijo provolone e ervas finas. Afinal é bom sofrer durante a trilha, mas o almojanta tem que ser bom!

Apesar da chuva durante toda noite, eu dormi bem neste local e de madrugada tive que puxar o cobertor de emergência para esquentar um pouco mais. Também havia sinal de celular já que era um ponto alto.

Neste dia andei um pouco menos por já estar um pouco cansado devido ao sobe e desce constante do dia. Veja o gráfico da altimetria:
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Distância: 22,1 Km a pé
Aclive e declive acumulados: 1248 m e 1106 m respectivamente.

Abaixo a visão do percurso do segundo dia no Google Earth:
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3º Dia – Quinta-feira 03/03/2011:

Amanheceu com chuva fraca e ventando bastante, tenha vontade de sair assim às 6h da barraca! rsrs

Mas, faz parte né? No café da manhã comi panquecas doces com Nutela, mas poderia ser salgadas também, basta substituir dois ingredientes:
4 colheres (sopa) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de leite em pó
2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado (salgada) ou 2 de sopa de Nescau (doce)
1 pitada de sal (salgada) ou 5 colheres de açúcar (doce)
100 ml de água
2 colheres (sopa) de óleo ou azeite
Você também pode passar geléia, chocolate, queijo Polenghi, mel, margarina ou doce de leite. Vai de sua preferência!

Desmontado o acampamento segui pelas estradinhas no rumo do Morro Araçatuba, Serra da Panduva PR.
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No caminho e devido à altitude já começava a aparecer esta taquara típica da altitude, principalmente acima dos 1500 metros. Bastante vista também próximo ao topo do Pico Paraná PR.
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Agora já dava para ver que o Morro Araçatuba estava mais próximo, o GPS marcava apenas 3 Km. Porém, havia um vale e segundo minhas marcações com atalho eu tinha que subir o morro de mais de 200 metros de altura pelo meio do mato.

FOI UM SUFOCO! Muito inclinado e cheio de taquarinhas que grudam na pele, levei mais de 1 hora para conseguir subir em meio à vegetação muito fechada e que prendia o movimento a toda hora.
No topo do morro ainda tinha que subir muito mais, mas pelo menos já era campo.
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Levei ainda um bom tempo ainda para chegar no Araçatuba depois de ter subido os 200 metros de aclive vertical da subida da foto acima.
O tempo no Morro Araçatuba estava medonho! Era 17h e o vento estava com rajadas de 60 Km/h para mais, garoa, cerração e temperatura ambiente de 12 ºC. Sensação térmica de 6 ºC!

Andei muito rápido morro acima e sem parar, cheguei no topo do Araçatuba (1673 metros), às 17:50 e desci o mais rápido que pude já que não queria ter de acampar em tanta altitude e exposto ao vento e também por que já tremia de frio.
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A cada centena de metros que desci ficava cada vez mais confortável e com muita pressa numa trilha cheia de barro em meio ao campo eu cai cada tombo lindo!

Contudo, a paisagem quis me agraciar um pouco!
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Um pouco depois da repressa Vossoroca é o meu destino final, aqui a vemos de cima.
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Cheguei às 19h no início da trilha, já começava a anoitecer e não havia ninguém em nenhuma das casas próximas. Caminhei mais adiante e achei um vizinho para o qual pedi autorização para pernoitar no “camping” da entrada do Araçatuba.

Pedi informações sobre como ir dali perto para Curitiba e o morador disse que havia ônibus a partir da BR, localidade de Matulão.
Autorização concedida montei minha barraca atrás dos banheiros, próximo ao riacho. Local muito bom por sinal, até deu para tomar um banho de água fria em um chuveiro.

No local não é permitido acampar que se diga, apenas foi me dado uma permissão devido a ser dia da semana. Até mesmo por que os espaços bons para montar adequadamente uma barraca são escassos. No local havia um papel escrito:
R$ 5,00 para motos
R$ 10,00 para carros
Mas, não mencionava o preço por pessoa para subir o Morro Araçatuba. Achei carro os preços da tabela!

Na manhã do dia seguinte desmontei acampamento bem cedo.
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Partir para a BR e ao chegar nela fui pela contramão na direção da Repressa Vossoroca. Logo após ela a direita há um postos de Combustíveis com restaurante bom e barato. Almocei lá por R$ 10,00 um buffet livre de comida caseira delicioso. Só não sei dizer agora se era delicioso, porque a fome era grande.

Final da travessia, dever cumprido em parte. Pois, saindo dali para Curitiba ainda nos próximos dias eu iria fazer o Caminho do Itupava e o ataque ao Conjunto Marumbi.

No último dia andei um pouco mais, porém sem tanta subida e sim com muita descida. Veja o gráfico da altimetria:
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Distância: 24,8 Km a pé
Aclive e declive acumulados: 1208 m e 1766 m respectivamente.

Abaixo a visão do percurso do segundo dia no Google Earth:
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No posto me informei sobre o ônibus para Curitiba. Há ônibus às 12h e às 15h ao custo de R$ 9,00 da empresa Expresso Maringá, linha Guaratuba x Curitiba. Para embarcar no ônibus tem que ficar no canteiro entre o posto e a BR próximo a um tambor amarelo e ficar cuidando muito bem a rodovia. Por que os ônibus da empresa (de cor cinza) sobem a serra com bastante velocidade e se você não fizer sinal o motorista não vai parar. Mais informações sobre a linha ou outros destinos a partir do posto com a empresa: http://www.expressomaringa.com.br

Mesmo com o tempo chuvoso, frio e por fazer a travessia sozinho gostei muito dela! E considero que com um tempo melhor esta travessia deve ser espetacular para trekkers minimalistas que gostem de desafio. No sentido contrário a travessia fica um pouco mais fácil.

 Chek list dos equipamentos que eu levei para você ter uma referência do que levar:
– Mochila cargueira Deuter Air Contact Pro 70 + 15L (boa devido a suportar bastante peso com conforto).
– Barraca Azteq Nepal (boa pela impearmibilidade do tecido).
– Isolante térmico 6 mm aluminizado (deu conta do recado).
– Fogareiro Primus MF, garrafa de combustível com 300 mL de benzina (bom pela versatilidade de combustíveis).
– Panela Primus Eta Power (boa, pois aumenta a eficiência).
– Prato de Lexan e talheres de policarbonato Sea to Summit (bom, pouco peso).
– Bastão Azteq Carbon (1 apenas, ajudou muito).
– Lanterna Petzl Tikkina (boa, pois é confiável).
– Sacos estanques Sea to Summit: 8, 13 e 35 L (bom, pois deixou tudo seco).
– Reservatório Source 3 L com Thermo Bag (levava 1,5 L sempre, pois tinha água farta no caminho).
– Canivete Suíço e faca Tramontina (depois do filme 127 h levo os dois, rsrs).
– GPS Garmin etrex Legend com 5 pares de pilhas para 6 dias (deu conta do recado).
– Bolsa térmica (manteve a comida seca e o chocolate inteiro).
– Roupas: 2 calções de banho, 1 sunga, 1 blusa e 1 calça thermoskin, um gorro de fleece, 1 jaqueta de fleece, 2 bonés, 2 pares de meia, 2 camisetas dry fit, 1 anoraque leve e 1 camiseta de poliviscose. Levei algumas roupas a mais, pois sem logística do carro e viajando de ônibus não queria parecer feio por ai, rsrs.
– Calçados: Tênis Salomon Sport Amphibian (para caminhar nos trechos úmidos – todos), e tênis Merrell Gore-tex (para os trechos secos e calçado de reserva, acampamento e viagem).
– Comida: pesei e deu 3,5 Kg para 5 dias. Levei comida a mais, pois minha pretensão era fazer a travessia em 4 dias e ter 1 dia de reserva para alguma emergência.
– 20 metros de cordin de 4 mm (só usei para amarrar o plástico do avanço da barraca).
– Plástico de 2 por 5 m (muito útil para poder cozinhar fora da barraca).
– Outros: kit de reparos para mochila e barraca, óculos de sol, artigos de higiene, chaves, dinheiro, documento, fósforos, isqueiro, manta de 1 x 1,5 m, kit de primeiros socorros, tratamento para água, celular, câmera digital, MP3, etc.

* Observação: levei alguns objetos a mais que não precisaria, pois saindo da travessia fui fazer o Caminho do Itupava e Conjunto Marumbi.

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